O ferro exerce funções vitais no nosso organismo como constituinte da hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio para os tecidos, de enzimas que participam de mecanismos imunológicos e da produção de neurotransmissores. A deficiência deste mineral, mesmo na ausência de anemia está associada as alterações do desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento do sistema imunológico e diminuição da capacidade de trabalho.
Entre as ações para prevenção da deficiência de ferro e anemia ferropriva está o incentivo ao aleitamento materno exclusivo até seis meses de vida e prolongado até dois anos de idade, associado ao acesso universal à alimentação adequada pela mãe durante a lactação e pela criança após a introdução alimentar.
Há uma grande preocupação com a carência desse mineral no início da vida, sabe-se que o recém-nascido a termo e com peso adequado geralmente tem estoques de ferro até em torno de 4 a 6 meses de idade e por isso a recomendação da reposição de ferro para essas crianças ocorre após esse período.
É recomendado a suplementação de ferro de forma preventiva para os lactentes seguindo algumas orientações:
o Crianças nascidas a termo, com peso adequado, devem iniciar a reposição de ferro após 6 meses de idade até os 2 anos de idade;
o Crianças prematuras ou com baixo peso ao nascer o ferro deve ser iniciado aos 30 dias de vida;
o Crianças a termo, mas com fatores de risco devem iniciar a suplementação aos 3 meses de vida. Considerados fatores de risco:
Baixa reserva de ferro materna
Perdas sanguíneas
Clampeamento do cordão antes de 1 min de vida
Doenças crônicas que ocasionem má absorção intestinal
É recomendado a investigação de anemia ferropriva em crianças aos 12 meses de vida. No entanto, na suspeita baseada na presença de fatores de risco, a investigação deve ser prontamente e precocemente realizada, especialmente na ausência de profilaxia adequada com ferro. Se diagnosticado anemia ferropriva importante a reposição orientada pelo pediatra.
Crianças maiores e adolescentes devem ser avaliados principalmente se tiverem fatores de risco como:
Dietas restritivas
Doenças gastrointestinais
Perdas sanguíneas
Ausência de suplementação profilática
Atletas de competição
A deficiência de ferro tem repercussões importantes e deletérias de longo prazo no desenvolvimento de habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem e capacidades psicoemocionais e motoras das crianças. O acompanhamento com o pediatra de forma regular nos 2 primeiros anos de vida, a suplementação de ferro de forma adequada e na idade correta juntamente com alimentação equilibrada, compondo todos os grupos alimentares iniciada aos 6 meses de vida, são formas de garantir saúde plena para nossas crianças.
Dra. Helen de Melo
Pediatria geral (RQE 13295)
Gastroentorologia pediátrica
CRM-DF 19334